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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

BANALIZAÇÃO DA MORTE


                                                                         Por Carlos Alberto Lopes

 

            A Polícia Rodoviária federal divulgou hoje – 14 de fevereiro – os registros de acidentes de trânsito nos 6 dias de fiscalização por ocasião do Carnaval de 2013 nas estradas federais.

            Foram 3.149 acidentes; 1.793 feridos e 157 mortes.

            Segundo aquela valorosa instituição, num esforço hercúleo, com o emprego de mais de 1.100 agentes, o que representou um incremento de 50% em relação aos dias normais e 20% a mais do que o efetivo empregado no Carnaval de 2012, foram realizados 86.224 testes com bafômetros, uma média de 14 mil por dia, representando um aumento de 183% em relação ao Carnaval de 2012; presas 607 pessoas de um total de 1.932 autuadas por consumo de álcool, o que, certamente, contribuiu para a redução dos acidentes em 10%; de feridos em 19% e de mortos em 18% em relação ao mesmo período do ano passado. 

            Parabéns ao trabalho extraordinário realizado pela Polícia Rodoviária Federal.

            Embora as autoridades do Setor tenham o que “comemorar”, peço licença para ponderar que esses números, para aqueles que, como eu, vivenciaram o dia a dia dos acidentes de trânsito, durante 2 anos, no meu caso como ex-subsecretário de estado de Governo do Rio de Janeiro, formulador e ex-coordenador geral da política pública Operação Lei Seca, são catastróficos.

            3.149 acidentes; 1.793 feridos e 157 mortes, em 6 dias, são números de guerras. Como nos conformar com eles? Dos 1.793 feridos, quantos vão ficar inválidos para o resto de suas vidas?

            E esses não são os números reais e finais, eis que se referem única e exclusivamente as estradas federais.

            Pergunto: quantos acidentes, feridos e mortos ocorreram nas cidades, onde o fator de ingestão de bebidas ocorre com muito maior freqüência?

            Pelo amor de Deus, pela enésima vez: podem elaborar milhares de leis, propor quantas mudanças quiserem nos instrumentos legais já existentes que, se não instituirmos políticas públicas nacionais, com ações todos os dias, não chegaremos a lugar nenhum; lugar nenhum, porque se perdermos uma vida já é uma tragédia. Perguntem a quem perdeu um ente querido quanto vale uma vida.

            Pouco ou nada adianta realizarmos ações episódicas, tipo Carnaval; Natal; Ano Novo; Feriadões; Festas Juninas e outras que tais; porque essas não estabelecem um processo contínuo de educação, sensibilização e conscientização da população.

            Reitero: tão ou mais importante do que a fiscalização, com a conseqüente punição, é a conscientização, para mudarmos o nosso comportamento, como aconteceu no Estado do Rio de Janeiro, com a aprovação de 97% da população.

            Conseguimos reduzir os índices? Sim; que bom, mas não podemos continuar a banalizar a morte.


            Carlos Alberto Lopes é deputado federal e líder do PMN - RJ